28 dezembro, 2005

Música para a dor de corno. 5.

I say a little prayer de Burt Bacharach e Hal David - Aretha Franklin

The moment I wake up Before I put on my make up I say a little prayer for you While combing my hair nowAnd wond’ring what dress to wear nowI say a little prayer for you Forever, forever you’ll stay in my hear And I will love you Forever, and ever we never will par tOh, how I love you Together, together, that’s how it must be.To live without you Would only mean heartache for meI run for the bus now, dear While riding I think of us dearI say a little prayer for you At work I just take time And all through my coffee break time I say a little prayer for you Forever, forever you’ll stay in my hear And I will love you Forever, and ever we never will part Oh, how I love youTogether, together, that’s how it must be.To live without you Would only mean heartache for me My darling, believe me For me there is no one but you Please love me too I’m in love with you Answer my prayer Say you love me too

Woody Allen é um entre muitos que defende que a música morreu em 1950 apontando o dedo acusador ao rock’n roll. De facto, os dias das big bands, da música de salão e dos cantores de charme estavam ameaçados pelas guitarras e pelo ritmo 4/4 – quadrado, portanto- da bateria. No entanto, a essência das canções é perene. A grande canção americana não seria enterrada com morte de Porter, Berlin e Gershwin porque nos inícios dos anos 60 apareciam Burt Bacharach e Hal David.
Burt é o genial músico e arranjador e Hal o poeta do quotidiano. Imposeram-se e foram aclamados escrevendo para a jovem, bela e elegante negra de voz límpida chamada Dionne Warwick. Com canções como «I say a little prayer», «Walk on by» e «I’ll never fall in love again» este triângulo conseguia algo raro: sucesso de vendas e reconhecimento artístico.
Em 1968, no álbum «Aretha Now» a nova diva da música negra, Aretha Franklin, gravou «I say a little prayer» e não poderia ter escolhido melhor exemplo do “artesanato” de Bacharach e David.
Esta canção comove-me porque Hal David – romântico até à medula - descreve um quotidiano pequeno-burguês em que me revejo. O escolher da roupa, a viagem para o trabalho, o intervalo para café, etc. Aliás é incrível a capacidade do letrista em impregnar de romantismo situações corriqueiras e até ridículas. Exemplo: em «I’ll never fall in love again» escreve esta pérola: “What do you get when you kiss a girl You get enough germs to catch pneumonia After you do, she’ll never phone you I’ll never fall in love again”. Espantoso!
Burt faz um arranjo que, comparado com grande parte da sua vasta obra, é relativamente despido que é usado para fazer sobressair a voz única de Aretha e das suas cantoras de coro.
Agora sim, o popular e o sublime tinham casado.Deixemo-nos de histórias, a perfeição existe.

Ouve-se aqui

3 Comments:

At 3:38 da manhã, Blogger M Isabel G said...

http://www.ugcs.caltech.edu/~ooc/penguin/music/never_fall.mp3

Está aqui :))
bem vindo

 
At 3:34 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Se virmos os discos que foram top de vendas nos anos 50 e nos anos 60, é um facto que o rock desalojou a maior parte dos frequentadores habituais.

 
At 9:43 da manhã, Blogger tsiwari said...

Sobre os quotidianos, há uma canção que sempre me agradou... Isto de ser minimamente eclético tem destas vantagens.

"The day before you came" dos Abba.

Qua achas desta pérola???

 

Enviar um comentário

<< Home